quinta-feira, 10 de março de 2011

Saiba como funciona o programa de financiamento estudantil do MEC (Fies) que oferece empréstimos a taxas de juros baixas para estudantes

Ao conseguir uma vaga em uma universidade particular, a primeira preocupação costuma ser o preço da mensalidade. No caso dos cursos de Medicina, o valor chega a R$ 4 mil reais.
Para ajudar a fechar as contas dos estudantes, desde 1999 o Ministério da Educação (MEC) mantém o Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (Fies). O programa oferece empréstimos a taxas de juros mais em conta e um prazo folgado para pagar, que começa só depois da formatura.
A ajuda é importante para Breno Bensusan, aluno do 2 período de Engenharia Mecânica do CTC/PUC-Rio, que financia 100% da mensalidade.
— Quando fiz vestibular, meu objetivo era passar. Depois, minha mãe falou do programa, e eu fui atrás. Ele me permite fazer a faculdade mais tranquilo — diz.
Uma das vantagens do Fies é que ele atinge faixas de renda não agraciadas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), que distribui bolsas em instituições privadas e limita a renda familiar por pessoa a três salários mínimos (e, neste caso, só dá direito a bolsa parcial).
Já o Fies pode ser obtido por quem comprometa, pelo menos, 20% da renda familiar bruta com a mensalidade. No caso de um curso cujo preço é de R$ 2 mil reais por mês, a renda familiar bruta máxima permitida será de R$ 10 mil reais.
Neste hipotético teto de renda, o estudante só poderia financiar 50% e teria de arcar com o resto. Se, eventualmente, comprometer entre 40% e 60% da sua renda, o Fies paga 75% do valor. Acima de 60% da renda comprometida, o programa assume a mensalidade integral. Bolsistas parciais do ProUni também podem usar o financiamento para quitar o que falta.
As condições de pagamento costumam ser bem mais favoráveis do que as oferecidas pelos bancos. No Fies, a taxa de juros está, atualmente, em 3,4% ao ano. Durante o curso, o aluno paga até R$ 50 por trimestre, referente a juros do financiamento. Esse pagamento continua nos 18 meses após a formatura.
A partir daí, o estudante tem três vezes o período financiado do curso mais um ano para quitar tudo. Para quem cursa licenciaturas (Formação de Professores) ou Medicina, há a possibilidade de pagar a dívida apenas trabalhando na rede pública: a cada mês de trabalho ela cai 1%.
O estudante Vinícius Lima, aluno de Engenharia Elétrica do CTC/PUC-Rio, aderiu ao Fies quando estava no 3 período da faculdade. Com dificuldades para manter as mensalidades em dia, ele pesquisou as opções oferecidas por várias financeiras, mas o programa do governo era bem mais em conta.
— Desde 2009 eu uso o Fies. Financio 75% da mensalidade. Se não fosse por ele, eu teria parado de estudar, pois não conseguiria continuar bancando. Cheguei a pesquisar em outros bancos, mas as taxas de juros são bem mais altas — conta Vinícius, que entrou na faculdade em 2008.
O Itaú Unibanco, por exemplo, cobra, no programa Crédito Universitário Itaú, juros anuais entre 7,2% e 7,8%, e não há carência. É como se cada mensalidade fosse dividida em duas parcelas, com a renovação sendo feita a cada seis meses. Não há nenhum tipo de carência, e o pagamento ocorre durante o curso. Ele pode durar até o dobro do tempo financiado. Assim, um semestre pode ser pago em até um ano.
Já no crédito PRAVALER, da Ideal Invest, os juros anuais variam entre zero (em caso de algumas instituições de ensino que subsidiam o empréstimo) e 22,68% ao ano. As parcelas são quitadas todo mês, durante o curso, até o dobro da duração da graduação: em um curso de quatro anos, é possível pagar o financiamento em até oito anos.
Um dos maiores entraves à expansão do Fies e do crédito universitário em geral é a exigência de fiador. No caso do programa do governo, a exigência para estudantes com renda familiar por pessoa de até um salário mínimo e meio foi suspensa, assim como para os estudantes de licenciatura. Até agora, 1.425 estudantes já se beneficiaram da novidade, e 11.700 já confirmaram a inscrição pela modalidade e estão em fase de assinatura de contratos.
As instituições de ensino, que são parceiras na proposta, aderem mais devagar: das 1.368 participantes do Fies, 350 já se cadastraram. Atualmente, há 486 mil contratos ativos no programa.

Veja aqui o passo a passo para se inscrever

PRIMEIRO ACESSO - O primeiro passo para se inscrever no Fies é se cadastrar no Sistema Informatizado do Fies (SisFies): sisfiesportal.mec.gov.br. O procedimento pode ser feito a qualquer momento do ano/curso. O estudante deve ficar atento ao e-mail de validação do registro.
INSCRIÇÃO - Depois de ter o cadastro validado, a hora é de colocar todos os dados pessoais, assim como aqueles relativos à renda familiar. Nessa etapa, estará disponível a lista de documentos que serão exigidos posteriormente para comprovação da renda. Em seguida, o interessado deve escolher a instituição de ensino na qual já está matriculado, a duração do curso, o valor da semestralidade, o período do curso a ser financiado e o percentual do financiamento. A última etapa é a escolha do agente bancário (Caixa ou Banco do Brasil) e o tipo de fiador.
VALIDAÇÃO - Concluída a inscrição no SisFies, o estudante tem 10 dias para validá-la junto à Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento da instituição de ensino. Os documentos exigidos são informados durante a inscrição.
CONTRATAÇÃO - Após validar a inscrição na instituição de ensino, é preciso se dirigir ao agente bancário. O prazo é de 20 dias a partir da conclusão da inscrição.