terça-feira, 14 de julho de 2015

O gado do vento, um capítulo marcante na história de Campos dos Goytacazes-RJ


Campos dos Goytacazes localizada ao norte do estado do Rio de Janeiro é um dos maiores municípios do estado. Atualmente historiadores e pesquisadores e historiadores, debatem sobre a verdadeira idade desta cidade. Enquanto alguns firmam sua data quando a cidade tomou ares de Vila em 1828, outros preferem ir mais além e dizer que a cidade nasceu junto com a criação ou posse da capitania hereditária de São Tomé ocorrida poucos anos depois da descoberta do Brasil em 1500. Rica culturalmente pela importância que teve para a economia nacional em face da indústria canavieira que perdura até hoje, Campos é uma cidade marcada por lutas, heróis e heroínas.
De acordo com o escritor Júlio Feydit, em sua obra “Subsídios para a história dos Campos dos Goytacazes”, houve um período na história, em que os agricultores e pecuaristas travaram uma batalha com os Assecas que tentaram esbulhar a cidade impondo impostos sobre diversos aspectos da cultura local.
Os Assecas eram descendentes de Salvador Corrêa de Sá e Benevides, Governador Geral do Estado do Rio de Janeiro, e um dos Sete Capitães, que colonizaram esta planície. Os Sete Capitães tomaram da conta da planície após a desistência do donatário Pero de Góis, que deveria colonizar a capitania herdada do Rei de Portugal, D. Manuel.
Ao conhecer João Ribeiro de Almeida, natural de Água Preta, São João da Barra, este em seu relato além de mostrar sua arte de fazer relatos da vida através de versos, também revela que até seu tempo de juventude o gado na planície vivia ao vento, tendo a sua disposição, pastos verdejantes e a liberdade de caminhar por tantas terras sem que houvesse cercas de arame farpado que delimitam os sítios e fazendas atualmente.
“(...) porque nessa época era tudo aberto não tinha cerca não, botava os animais para lá e largavam. Se parasse ali bem, se não parasse, saía andando, ia embora toda vida. Porque não tinha cerca. Depois que fizeram cerca, taparam tudo, mas antes era tudo aberto (...)”.
Dessa história, o campista como ninguém sabe que Benta Pereira, fazendeira e que possuía inúmeras cabeças de gado tomou as dores do povo e dos fazendeiros em ato de bravura prendeu os vereadores da Câmara Municipal que votaram a favor da aplicação dos impostos do gado do vento.

A bravura de Benta Pereira está eternizada nesta planície, pois no brasão da cidade criado quando da elevação da Vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes em cidade, estampou-se a seguinte frase: “aqui até as mulheres, lutam por seus direitos”. 

Entidades querem mudar conteúdo de PL que homenageava ex-governador paulista

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos – Acic, Amaro Ribeiro Gomes, recebeu na manhã desta quarta-feira (08) o governador distrital do Rotary Club – Distrito 4750, Américo Xavier Maia Neto. Na pauta da reunião, o governador apresentou um projeto que prestigia o campista e ex-presidente da República e do Estado do Rio de Janeiro, Nilo Procópio Peçanha, como nome para batizar a Rodovia BR-101 que corta a cidade de Campos dos Goytacazes. Este projeto criado pelo Rotary Clube – Distrito 4750 contraria disposição do PL 4194/2001, que sugere batizar a BR-101 com o nome do ex-governador de São Paulo, Mário Covas.
“Não vejo motivo para que a Rodovia BR-101 tenha o nome de Mário Covas. Ele foi governador de São Paulo, que façam homenagem para ele, lá em São Paulo. Porque a idéia de homenagear Nilo Peçanha, a Acic abraça de corpo e alma” esclarece Gomes.
O Governador do Rotary Clube – Distrito 4750, Américo Maia, é enfático ao afirmar que Campos dos Goytacazes e o Estado do Rio de Janeiro, devem muito ao ex-presidente, pelos relevantes serviços prestados por Nilo Peçanha à terra goitacá e fluminense.
“Eu considero Mário Covas um excelente governador em São Paulo, é um nome de expressão nacional, como senador brasileiro, mas nós temos de prestigiar a prata da casa, e Nilo Peçanha é campista e fluminense. Vamos substituir sim, porque nada mais justo do que prestigiarmos Nilo Peçanha que sempre ajudou o interior do Estado do Rio de Janeiro” acrescenta o governador.

Nilo Peçanha – Foi o primeiro campista presidente da República e foi ainda o primeiro campista a ocupar a presidência do antigo Estado do Rio de Janeiro, numa posição que atualmente é ocupada pelo Governador do Estado. Formado em Direito pelas faculdades de Direito de São Paulo e do Recife, Nilo Procópio Peçanha, participou das campanhas abolicionistas e republicanas. Foi eleito para a Assembléia Constituinte em 1890. Em 1903, foi eleito senador e presidente do Estado do Rio de Janeiro, permanecendo no cargo até 1906, quando foi eleito vice-presidente. Com a morte do presidente da República Afonso Pena, em 1909, assumiu a presidência da República. Seu governo foi marcado por agitação política em razão de divergências com Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador. Entre as inúmeras que marcaram seu governo, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios, e inaugurou o ensino técnico no Brasil.

Retornou ao Senado em 1912, e dois anos depois foi novamente eleito presidente do Estado do Rio de Janeiro. Em 1917, assumiu o Ministério das Relações Exteriores e em 1918, foi eleito senador federal. Veio a falecer em 1924, quando já estava afastado da vida política. 

Cruzeiro do Pontal conta histórias fantásticas às margens da Lagoa Feia

Ao percorrer a Baixada Campista em direção à Ponta Grossa dos Fidalgos, antiga colônia de pesca situada no estuário da Lagoa Feia, o turista fica surpreso e curioso de ver àquela cruz tosca, feita de madeira de lei, à margem da estrada – marcando a história da região.
Tudo por ali tem ares misteriosos como se antigos fantasmas procurassem chamar a atenção dos viajantes pela necessidade de contar os casos e se redimir dos crimes praticados contra a negritude, numa época em que os barões praticavam injustiças com o respaldo do poder.
Ninguém no lugarejo sabe precisar, ao certo, quando aquela cruz foi erguida e por que motivo. A cruz deu nome à fazenda Cruzeiro do Pontal. O campeiro, Paulo Jorge de Souza Fernandes, 54 anos, nascido e criado naquela região no complexo da Lagoa Feia, diz: “ouvi muitas histórias de meu pai, que as tinha ouvido de meu avô. Tudo teria começado no tempo da escravidão”.
Esses fatos podem ter ocorrido há pelo menos 160 anos. O lugar teria sido um cemitério de escravos, uma vez que muitos chegavam mortos à região, de forma clandestina, fugindo do fisco, através da Barra do Furado, entrando pelo Canal das Flechas.
“Ouvi dizer também, que a cruz foi erguida pelos fiéis como lembrança da morte de um tropeiro jogado ao chão numa poça de sangue, após ter sido chifrado por um boi, em estado furioso”, relata o campeiro.
Fernandes informa que o antigo dono da fazenda foi Luiz Alberto de Miranda Barros, que faleceu aos 80 anos, e contava estas histórias. O herdeiro da fazenda, Carlos Eduardo Barros Braga Neto, chegou a dizer que já assistiu muitas missas por ocasião cíclica das moagens e que os casos existem desde a época do Barão de São José seu parente mais famoso.
Além de misterioso, o Cruzeiro do Pontal enfeita uma paisagem próxima de uma estrada de servidão que entra pelos alagados em busca da Lagoa nas confluências de Carães. Por ali há plantas exóticas, piaçocas, jaçanãs e cânticos de papa-capins, pica-paus e quero-queros.
Finda a visita mesmo depois da curva do asfalto, a cruz do pontal ainda estava na paisagem. Para ouvidos mais sensíveis, o sibilar do vento nordeste nos galhos das árvores e os ruídos normais da fauna das paragens, à distância pareciam entoar uma música, misto de lamentos e tambores africanos, em sinal de gratidão.
O Barão de São José - Apesar de falecido em 1878, a figura do barão ainda é lembrada por famílias mais antigas, mostrando que a memória histórica ainda está viva por ali passando de geração para geração, desafiando quem possa, e tenha disposição de transformar a oralidade em nítido letramento, legando ao porvir “causos” realmente importantes para integrar, mais fortemente, a Baixada na História do Brasil.

Em meio ao silêncio dos aceiros, sempre apinhados de pássaros cantores, aquele ruído de vento na copa das castanheiras, parece mostrar o barão ali, no ambiente da Baixada, suplicando às divindades por (mais) um avir de permanência.  

A histórica decisão do Campeonato Fluminense de 75


Há 40 anos mais precisamente em maio de 1975, o Americano FC e o EC Sapucaia, protagonizaram um dos capítulos mais importantes da história do futebol de Campos dos Goytacazes-RJ. Ambas equipes disputaram o título de Campeão Fluminense pelo antigo Estado do Rio de Janeiro. O jogo foi disputado no Estádio Ary de Oliveira e Sousa - de propriedade do Goytacaz FC.
O árbitro dessa partida foi Arnaldo César Coelho que ajudou a escrever um capítulo inédito na disputa deste esporte bretão, pois ele encerrou o 1º tempo da partida aos 38 minutos. Sendo alertado primeiro pelas equipes de rádio e posteriormente pelos dirigentes dos dois clubes que foram buscá-lo no vestiário para completar os 7 minutos restantes e regulares de um tempo do futebol.
O jogo foi empolgante do início ao fim, uma vez que o EC Sapucaia barbarizou fazendo o primeiro gol aos 9 min através de Valmir, ao escorar de cabeça um cruzamento sob medida feito por Albérico. Aos 25 min o Sapucaia chegava ao segundo gol, com uma trama bem armada pelo ataque rubro-negro, Betinho autor do gol, entrou rápido pela extrema e tocou no canto direito do goleiro Bodoque. Aos 34 min, o mesmo Valmir marcava um golaço de placa, após fintar o zagueiro Zé Henrique espetacularmente. Ou seja, em menos de 30 minutos, o Sapucaia mostrava que não estava para brincadeira. O reflexo disso tudo se via com nitidez à luz fria do placar do Arizão, que mostrava 3x0 a favor do Sapucaia.
No segundo tempo, o Americano acordou e voltou decidido a mostrar porque ele era o Campeão Campista. Aproveitando-se de duas indecisões da zaga rubro-negra, o Americano marcou duas vezes, aos 4 e aos 5 minutos, através de Messias e Chico, respectivamente.
Mas o Sapucaia é o Sapuca e Joaquinzinho com uma pedrada de fora da área, marcou aos 27 min, após trocar passes com Toninho, Alcir e Betinho, colocando a criança para dormir pela quarta vez no fundo das redes de Bodoque, liquidando de vez com o Americano.
Este jogo que contou com a arbitragem de Arnaldo César Coelho, rendeu aos dois clubes a importância de Cr$ 49.420,00.
O Sapucaia conquistou o título do Campeonato Fluminense de 1975 jogando com Roque; Charuto, Admilson, Folha e Albérico; Amaritinho, Joaquinzinho e Alcir; Betinho, Valmir e Toninho Guerreiro. O Americano entrou em campo com Bodoque; Guaraci, Zé Henrique, Luisinho e Capetinha; Adalberto, Ico e Paulo Roberto; Messias, Tatalo e Chico. Desse jogo também participaram Osvaldo Guariba e Joélio pelo Sapucaia, e Jamil Abud e João Francisco pelo clube do Parque Tamandaré.

O Esporte Clube Sapucaia, cujas cores são o preto e o vermelho, já existia desde 18 de dezembro de 1934. Ostenta os títulos de Campeão do antigo Estado do Rio de Janeiro, a VII Taça Cidade de Campos da Série Industrial em 1968, do Torneio Experimental de Profissionais de 1972. Possui inúmeros troféus tais como: José Carlos Vieira Barbosa (ex-prefeito de Campos); e outros com nomes de personalidades esportivas: Carino Quitete, Mário Seixas, e Edmundo Vaz de Araujo.