segunda-feira, 9 de abril de 2012

Nadando contra a correnteza...


Após um longo tempo, percebendo que a maré e a correnteza são realmente muito fortes, decidi tomar  uma decisão drástica, deixar a correnteza e a maré me expulsarem para bem longe, possivelmente para o alto mar, e dali poder seguir meu rumo, meu destino. De preferência que o mar, esse sim, pudesse me proporcionar a satisfação de parar em uma praia bem distante, de onde a correnteza e a maré, não me queriam.
Tentei de todas as formas voltar a embarcar e navegar junto com a maré e a correnteza, mas por culpa de um dos pescadores que navegava tranquilo e ociosamente em seu barco, naufraguei. Estranhamente, esse mesmo pescador, posteriormente, de braços cruzados, me dizia apenas que lutasse contra a maré e a correnteza, mas não fazia nada que justificasse o seu próprio erro.
Nas proximidades dele havia outro pescador, que navegava em círculos com o intuito de acompanhar a maré e a correnteza. Este pelo menos disse que tentaria resolver o meu problema, mas não o fez. Enrolou, demorou, enrolou mais um pouco, e então percebi, que este também não resolveria meu problema.
Por isso, resolvi abandonar a luta contra a maré e a correnteza.
As vezes é melhor entregar os pontos e dar a correnteza e a maré a sensação de vitória, do que tentar dar murro em ponta de faca. Melhor sair vivo, e ir parar em outras plagas, outras praias e recomeçar a vida. Longe de quem não te quer, e de quem usa o revanchismo e o preconceito contra quem trabalhou e deu sangue para que a maré pudesse correr livremente...
Curioso nesta história é que a maré desconhece o nadador, ou só o conheço por uma pequena fração de tempo. O suficiente para criar um preconceito irracional, contra quem possui história de vida ligada à terra. A maré que caiu de pára-quedas no lugar, ainda usa o revanchismo para tirar da reta todos aqueles que trabalharam para que a correnteza pudesse seguir seu rumo em sossego.
Daí que as palavras de Madre Teresa de Calcutá, parecem cair como uma luva nessa história. Certa vez ela disse que “os líderes estão cercados de falsos amigos, e longe dos inimigos verdadeiros”. O que não deixa de ser uma grande verdade. Basta apenas olhar para os lados.
Finalmente, posso concluir essa história, lembrando-me das palavras de um empresário conhecido, que definiu meu pai como um “radialista de grande visão”. Acho que também padeço do mesmo mal, por não ser puxa-saco de ninguém, e por ter aversão a ufanismos e puxa-saquismos. Sou o tipo de pessoa, que prefere dizer a verdade, doa a quem doer. Mesmo que saia prejudicado.
Aliás, já ouvi também de um diretor de uma grande empresa do Rio de Janeiro, a mesma premissa, de que apesar dos problemas, vale à pena contar a verdade, do que tentar iludir ou contar uma mentira com o intuito de ludibriar alguém, até porque a mentira tem pernas curtas. Contar à verdade sobre um problema, dói, mas pelo menos quem sofre, é justamente alguém que conseguirá uma segunda chance para redimir-se de um erro.
Infelizmente a correnteza, está cheia de marés ao seu lado que não aceitam contar a verdade. Preferem iludir a correnteza com mentiras e falsidades. Como se isso pudesse resolver os problemas alheios. Mas que na verdade, apenas corroem qualquer imagem que a correnteza havia construído.
A maré age de forma ditatorial, e lembrando dos algozes da ditadura militar, não aceitam que a vítima tenha um defensor, e que este possa se manifestar. A sua palavra, de algoz é a última e ponto final.
Daí que prefiro me abster de lutar contra a maré e a correnteza, e deixar os dois pescadores absortos em seus erros, para nadar pelo rio, atravessar o mar, e parar em outra aldeia....

P.S. – Este texto possui uma mensagem subliminar, apenas para aqueles que me conhecem profundamente e estão cientes do meu sofrimento....

Paulo de A. Ourives....