sexta-feira, 1 de abril de 2011

Garotinho: “Está na hora de moralizar o futebol brasileiro”

Garotinho continua campanha 
para conseguir mais assinaturas 
para a instalação da CPI da CBF

Com a possibilidade de 39 deputados retirarem suas assinaturas pela instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de irregularidades envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e seu presidente, Ricardo Teixeira, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), anunciou ontem que está preparando uma ação para entrar na Justiça pedindo o afastamento de Teixeira do cargo, na próxima semana.
Garotinho explicou que a partir de hoje vai conversar com os deputados que apresentaram requerimento de retirada de assinatura para entender seus motivos. Segundo ele, houve muita pressão por parte de Teixeira e lobistas da CBF no Congresso. Ricardo visitou líderes na Câmara, além do ministro de relações institucionais, Luiz Sérgio.
Entre as denúncias apresentadas por Garotinho estão irregularidades na composição societária do Comitê Olímpico Local (COL); os critérios de divisão de lucros da Copa de 2014; os acordos firmados entre a CBF e as emissoras de TV e patrocinadores; o volume de recursos envolvidos nas concessões de transmissão e o destino dos recursos, bem como a apuração dos responsáveis pelas alegadas irregularidades; recebimento de salários pelos membros da diretoria da CBF, o que é vedado; uso do dinheiro da instituição para pagamento de advogados em causas pessoais do senhor Ricardo Teixeira; uso da entidade para obtenção de lucros com venda de jogadores; tomada de empréstimos com instituições financeiras internacionais com juros prejudiciais à entidade brasileira; a prática de lavagem de dinheiro e o financiamento de campanhas eleitorais.
Escândalo – “Ontem, depois que coloquei no blog a notícia do escândalo de mais R$ 1,1 bilhão de renúncia fiscal beneficiando Ricardo Teixeira, recebi inúmeros telefonemas e mensagens me parabenizando por esclarecer as pessoas e mostrar o “mar de lama” em que o presidente da CBF está metido até o pescoço. Recebi inclusive o telefonema de um deputado que me disse que, diante daqueles argumentos, se convenceu e prometeu assinar a CPI na próxima semana”, adiantou Garotinho no blog, anunciando ainda que no decorrer de ontem anunciaria mais uma denúncia contra o presidente da CBF. “Está na hora de moralizarmos o futebol brasileiro em respeito a todos os torcedores”, finalizou.
Denúncias contra Ricardo Teixeira surgiram em 1998, pela Rede Globo de Televisão
Em seu blog, Garotinho exibe vídeos de denúncias contra Ricardo Teixeira feitas pela Rede Globo de Televisão em uma das edições do programa Globo Repórter, em 2001, quando foi instalada no Senado a CPI do Futebol para apurar possíveis desvios de recursos da confederação. As denúncias surgiram logo após a assinatura de contrato milionário entre a CBF e a Nike, empresa de materiais esportivos, no valor de 160 milhões de dólares, no ano de 1997. Nas denúncias, um comparativo do saldo da CBF em 1996, ainda sem contrato com a Nike, mas positivo em R$ 4 milhões. Já em 97, quando o dinheiro do contrato passou a entrar na conta da instituição, o balanço fechou negativo em pouco mais de R$ 14 milhões, o que foi piorando nos anos seguintes. Mas os números negativos não impediram que a CBF aumentasse os salários de seus funcionários e passasse a renumerar os membros da diretoria, a partir de 1998. As despesas com pessoal saltaram em 97 de quase R$ 5 milhões para R$ 18 milhões três anos depois, em 2000. Os salários dos dirigentes, em três anos, triplicaram.
Na reportagem exibida pela Rede Globo, em 2001, favorecimento de parentes de Ricardo na CBF, como o tio e então secretário da CBF, Marco Antônio Teixeira, que no ano 2000 recebeu um total de R$ 507 mil em salários pela confederação, enquanto o sobrinho presidente recebeu R$ 418 mil. E os benefícios se estendiam a outras pessoas da família, como o então candidato a vereador por Piraí/RJ, Milton Teixeira, que recebeu recursos da CBF no valor de R$ 14 mil para sua campanha política de 1998, confirmando as denúncias de Garotinho quando declarou, há duas semanas, no plenário da Câmara dos Deputados, que o dinheiro do futebol brasileiro está sendo usado para patrocinar campanhas políticas.
Recursos da CBF que deveriam ter sido depositados em contas de clubes, acabaram caindo em contas particulares, até mesmo de agências de carros, como um cheque de R$ 40 mil destinado à Federação Amazonense de Futebol e que acabou entrando na conta da empresa Braga Veículos Ltda, totalizando um desvio de R$ 5 milhões dos cofres da confederação só em 1998.