sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comissão apresentará um novo PLANO ESTADUAL DE DEFESA CIVIL

A Comissão de Defesa Civil da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), presidida pelo deputado Altineu Cortes (PR), deu o primeiro passo rumo à criação de um novo Plano Estadual de Defesa Civil para o Rio de Janeiro nessa quinta-feira (19/05), durante o seminário "Estado do Rio de Janeiro - Desastres e Soluções", em Itaperuna, com a presença de autoridades das regiões Norte e Noroeste do estado. No total serão mais oito encontros, contemplando cada uma das Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (Redec). A ideia do deputado é reunir em um documento todas as exigências e dificuldades de cada um dos 92 municípios fluminenses. "Queremos ouvir as necessidades de cada município, como equipamentos, capacidade de treinamento e mão de obra. Estamos mais para ouvir do que para falar”, disse Altineu.
Segundo o deputado, serão realizados mais sete encontros antes do evento final, que será realizado em setembro no Palácio Tiradentes. “Vamos montar um documento de propostas para um Plano Estadual de Defesa Civil, que será apresentado para votação na Assembleia. Criticar é fácil. Nosso objetivo é construir", declarou Altineu. As próximas cidades a receberem a comissão serão Italva e Nova Friburgo, em junho; Resende, em julho; São João de Meriti, Cabo Frio e Itaboraí, em agosto e Angra dos Reis, em setembro.
Falta de estrutura nas administrações municipais, inexistência de mata ciliar na região, falta de planejamento na construção, ineficácia na recuperação ambiental, políticas públicas equivocadas, alto risco geológico, inexistência de planos de contingência e pouco diálogo entre os estados foram os problemas regionais levantados durante o evento, organizado pela Alerj. Presidente do Conselho de Gestores Municipais de Defesa Civil das Regiões Norte e Noroeste do Estado, o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Douglas Paulich Junior apresentou dados preocupantes. Para ele, o maior erro dos entes públicos está na falta de prioridade dos investimentos. "Se nós simplesmente reconstruímos os danos gerados, estamos enxugando gelo. Se reconstruímos 15%, estamos criando um mega desastre. O Governo federal investiu R$ 2,1 bilhões em reconstruções e somente R$ 100 milhões em prevenção. Esse é um planejamento suicida", comentou Douglas Paulich.
Somente na cidade de Italva o prejuízo com desastres chegou a R$ 73 milhões, nos últimos cinco anos. O único recurso que chegou a essa cidade, no mesmo período, foi o investimento feito pela Alerj em 2009, no valor de R$ 1 milhão. Outros problemas, porém, podem ter soluções mais baratas. O Prefeito de Itaperuna, Fernando Paulada, alertou que a população precisa de orientação. "Esperamos, através desse seminário, conseguir mais recursos, principalmente, para a área de proteção ambiental. A população precisa saber que cada ação, por menor que seja, deve ser pensadas para o futuro. Parar de jogar lixo nos rios e nos valões é fundamental", disse o prefeito.
Segundo o secretário nacional de Defesa Civil, coronel Humberto de Azevedo, são mais de 5 mil municípios no Brasil, mas menos de mil secretarias municipais para a área. "Temos que ter uma estrutura mínima de defesa civil. Precisamos de obras de estrutura, um orçamento próprio. A defesa civil nacional não tem orçamento. Nós trabalhamos em cima de Medidas Provisórias (MP). A parte burocrática compreende que não dá para fazer previsão do tamanho dos prejuízos. Precisamos do apoio dos políticos do país, para que essas medidas saiam e que isso evite a recorrência. Como é feito hoje, as ações só acontecem depois da tragédia e não se pensa na prevenção", completou o secretário nacional. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), também presente no encontro, garantiu que irá levar essa luta para Brasília e mostrou preocupação com os agentes de Defesa Civil. "Se for preciso, nós vamos à presidente Dilma Rousseff. Esses recursos precisam sair. Precisamos fazer uma carreira de estado da Defesa Civil”, comentou o senador, que lembrou as chuvas que castigaram os municípios da Região Serrana, em janeiro. “A tragédia da Região Serrana foi uma lição amarga para todos", completou.
Também fizeram uso da palavra o coronel do Corpo de Bombeiros Roberto Robadey Costa, coordenador da Defesa Civil do Município de Nova Friburgo, o professor Airton Bodstein de Barros, coordenador do Mestrado de Defesa e Segurança Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), e o Tenente Coronel dos Bombeiros, Flávio Luiz de Castro, Secretário Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil de Teresópolis. Estiveram presentes ainda os prefeitos de Cardoso Moreira, Miracema, Itaocara, Italva, São Fidelis e Cambuci, além do deputado Roberto Henriques (PR) e do ex-deputado estadual Jodenir Soares.
Fonte: ALERJ