Terminou sem
acordo na noite desta segunda-feira a última tentativa de encerrar a greve nos
Correios antes do julgamento da questão no TST (Tribunal Superior do Trabalho).
A greve
agora vai ser julgada às 16 horas de terça-feira no próprio. Serão analisadas
as questões do reajuste econômico, o desconto dos dias parados e também se é
abusiva a paralisação, que começou no dia 14 de setembro.
A
paralisação, no entanto, só deve ser encerrada na quinta-feira. Isso porque os
trabalhadores ainda precisam discutir o resultado do julgamento nas 35
assembleias dos sindicatos da categoria, o que não deve acontecer amanhã em
virtude do feriado de 12 de outubro.
Os encontros
na noite de hoje foram solicitações dos representantes dos funcionários
grevistas ao TST para que intermediasse uma nova rodada de negociações com os
Correios.
O ministro
relator da questão, Mauricio Godinho Delgado, recebeu em separado diretores da
empresa e também representantes da Fentect (Federação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares).
Os Correios
concordaram em aceitar novamente as duas propostas feitas em audiências no TST,
uma delas pela ministra Maria Cristina Peduzzi e a outra do presidente do
tribunal, João Oreste Dalazen.
A última,
apresentada na sexta-feira no TST, previa a reposição da inflação de 6,87%, um
abono salarial de R$ 800 (que não será incorporado ao salário) e um reajuste
linear de R$ 60 a partir de janeiro.
O principal
ponto de discórdia, no entanto, foi o desconto no salário pelos dias parados. A
empresa quer o desconto de seis dias pelo menos (do total de 28), que já foram
descontados em folha de pagamento.
Esse valor
seria devolvido inicialmente aos funcionários e depois novamente descontados em
até 12 vezes. Os trabalhadores não aceitam nenhum corte nos salários
O presidente
do TST alertou os trabalhadores na semana passada que a jurisprudência vigente
prevê as greves como uma quebra de contrato e por isso os trabalhadores podem
ter descontados todos os dias parados
"O
ministro nos alertou dos riscos, mas as duas propostas que nos foram apresentadas
já foram rejeitadas nas assembleias. Então vamos aguardar o julgamento da
greve", disse o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.
HISTÓRICO
A greve dos
funcionários dos Correios começou no dia 14 de setembro. A maior adesão ao
movimento foi por parte dos carteiros, por isso houve atrasos na entrega das
cartas e encomendas. A empresa calcula que 173 milhões de objetos estejam com
atraso.
No último
fim de semana, os funcionários que não entraram em greve realizara o terceiro
mutirão desde o início da paralisação. Apenas no sábado e domingo, foram
entregues 22 milhões de objetos.
A empresa
estima que cerca de 20% dos 110 mil funcionários da empresa em todo o país
estejam em greve.
Na
sexta-feira da semana passada, uma liminar do TST determinou que a Fentect
respeitasse um efetivo mínimo de 40% dos funcionários em atividade em cada uma
das unidades da empresa. A multa diária por descumprimento é de R$ 50 mil.
Segundo a
empresa, ontem 391 das 7.486 unidades descumpriram a liminar. Em torno de um
terço dessas unidades, 134, que não respeitaram o índice de 40% dos
trabalhadores está no estado de São Paulo.
Fonte:
Jornal Folha de São Paulo