O aumento na
cotação do dólar vai elevar o preço do pão francês já no início de outubro. De
acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), o aumento
será entre 5% e 10%. Já o macarrão e o pão de fôrma terão na próxima semana alta
de 5%, informou a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias
(Abima).
O Brasil
importa hoje 60% do trigo que consome. Cerca de 70% do custo da farinha de
trigo vem de sua principal matéria-prima, o trigo. Das dez milhões de toneladas
de trigo consumidas por ano no país, metade é usada para a fabricação do pão
francês. Os 30% restantes vão para macarrão, biscoitos e pão de forma.
- O repasse
é rápido porque os estoques duram entre sete e dez dias. Na padaria, o aumento
nos preços vai variar entre 5% e 10%, pois cada empresa tem um determinado nível
de estoque e exposição cambial - diz Christian Saigh, diretor da Abitrigo.
Claudio
Zanão, presidente da Abima, diz que não há como segurar a alta do dólar:
- A alta do
dólar foi repentina. No fim deste mês, já haverá o repasse - diz.
Com estoque
alto, varejo consegue manter preço
No varejo, a
situação é um pouco diferente. Os estoques e as negociações feitas com
antecedência estão permitindo que parte do comércio segure os preços. Na rede
Lidador, os importados não ficaram mais caros por causa da oscilação do câmbio.
Mas, com as encomendas de Natal em aberto, manter os preços ainda é uma dúvida.
- Vamos
segurar o máximo. Se o câmbio ficar nesse novo patamar por um período mais
longo, seremos obrigados a repassar para o consumidor - disse Bruno Pereira, consultor
de vendas da Lidador do Rio Sul.
Apesar dos
custos até 20% maiores apenas em setembro, a italiana Onda Mobile, fabricante
de celular, ainda não repassou a alta para o varejo.
- Vamos
reduzir margem, mas, até quando der, vamos segurar - disse Vicenzo di Giorgio,
presidente da companhia.
Enquanto a
indústria tenta segurar suas margens, o brasileiro com viagem marcada para o
exterior deve comprar dólares aos poucos, segundo especialistas em finanças,
para diluir o sobe e desce da divisa.
As altas das
cotações da moeda americana nos últimos dias não afetaram a defasagem dos
preços da gasolina e do diesel vendidos pela Petrobras porque, ao mesmo tempo,
os preços desses dois combustíveis também têm tido queda no exterior.
Fonte:
Jornal O Globo