A diminuição
de tributos está entre as medidas que o governo poderá adotar caso a crise
econômica mundial sofra um agravamento ainda maior. "Podemos reduzir
tributos, por exemplo. Mas só se a situação piorar", disse ontem (3) o
Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele, no entanto, destacou que o governo tem
muita munição para combater as consequências da crise e que vai priorizar a
adoção de medidas monetárias, como a redução de juros. "Temos muito
armamento guardado, muita munição, que pode ser usada em caso de necessidade. E
vamos preferir usar mais instrumentos monetários que fiscais", declarou.
Outros
instrumentos que podem ser usados em caso de piora da situação econômica
mundial são a redução na taxa de juros e a utilização das reservas em leilões
de crédito. "Se faltar crédito para o comércio internacional podemos usar
as reservas para dar esse crédito", disse ainda o Ministro após se reunir
com empresários em um almoço promovido pela Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp).
O governo brasileiro,
segundo o titular da Fazenda, tem atualmente mais fôlego para enfrentar os
problemas gerados pela crise do que tinha em 2008. "O que vim dizer aqui
para os empresários da Fiesp é que o Brasil está preparado seja para
[enfrentar] uma crise crônica, mais leve e de crescimento mais lento dos países
avançados e também para um agravamento da crise", disse. Isso se deve,
segundo Mantega, às reservas cambiais maiores, à situação fiscal sólida e a
"uma política monetária com muitos graus de liberdade".
Sobre a
situação do câmbio, que neste momento passa pela valorização do dólar em
relação ao real, o Ministro disse que não existe um dólar ideal para o país e
que o governo não pretende retirar, neste momento, a incidência do Imposto
sobre Operações Financeiras (IOF).
Quanto à
taxa de juros ideal para o país, Mantega disse que ela deveria ser semelhante a
de outros países emergentes, com taxa real em torno de 2% a 3%, mas que não se
pode atingir esse patamar de uma hora para outra . "É óbvio que isso não
dá para ser atingido da noite para o dia. E é o Banco Central que vai decidir
quando isso vai ser possível, sempre olhando para a inflação. A inflação alta é
tão ruim quanto o juro alto. Não queremos nem uma coisa, nem outra".
O Presidente
da Fiesp, Paulo Skaf, declarou que, para os industriais, é "mais
saudável" que o dólar esteja cotado em R$ 1,80. "O [dólar] de R$ 1,50
era uma sobrevalorização do real que roubava a competitividade brasileira,
barateando as importações, encarecendo as exportações e que não fazia bem para
o Brasil", disse Skaf.
Durante a
reunião com o Ministro da Fazenda, os empresários falaram com Mantega, segundo
o Skaf, sobre o custo Brasil, que impede a competitividade. Os setor quer que o
governo aproveite o vencimento de alguns contratos de concessão de energia, em
2015, para tentar reduzir os custos de energia. "É uma distorção
totalmente injusta o Brasil, que tem 77% de sua matriz energética em
hidreletricidade, que é a forma mais barata de se produzir energia, ter a
terceira conta mais cara do mundo", disse. Mantega respondeu que o governo
pretende continuar implementando medidas para reduzir custos de infraestrutura,
de energia e tributário.
Fonte:
Agência Brasil